domingo, 26 de fevereiro de 2012

LER E ESCREVER COM MUITO PRAZER

Ensinar enquanto educação deveria supor uma formação crítica. Sendo assim em nada ajudamos os nossos alunos se nos limitarmos ao ensinamento de letras, sílabas, palavras e frases. Sons perdidos num mundo onde a leitura e a escrita nos aparecem de forma não compartimentada e dentro de diferentes frascos (portadores de texto).

É preciso uma proposta pedagógica onde a leitura seja compreendida como a transcedência dos códigos e necessidade para assimilação da história que se vive.

Algumas idéias purulam nos textos que nos rodeiam sobre o currículo escolar e na Pedagogia Hospitalar não é diferente.
ZDP (zona de desenvolvimento proximal), Vygotsky - “... a aprendizagem acontece no intervalo entre o conhecimento real e o conhecimento potencial. Em outras palavras, a ZDP é a distância existente entre o que o sujeito já sabe e aquilo que ele tem potencialidade de aprender.”

Cidadania da sobrevivência, Valla: “O autor relaciona a educação e saúde com a cidadania através da discussão dos serviços básicos e os impostos pagos pela população. As contradições decorrentes da distribuição desigual das verbas públicas, privilegiando a infra-estrutura industrial sobre o consumo coletivo, apontam à necessidade dos setores populares organizados da sociedade civil pressionarem os governos para uma política alternativa.”

Alfabetização crítica,Paulo Freire - “ ... a alfabetização nesse sentido não está meramente ligada a noção de relevância; ao invés disso, está baseada em uma visão do conhecimento humano e da prática social que reconhece a importância do uso do capital cultural do oprimido afim de valorizar as vozes e as formas de saber que usa para negociar com a sociedade dominante.”

Vamos refletir sobre esses pensamentos dentro de uma teoria interacionista de alfabetização assim pensada por Giroux: “Aprendizagem é considerada como uma interação dialética entre a pessoa e o mundo objetivo, e o conhecimento é visto como uma construção social.”(1983).
Dentro desses parâmetros ensinar não significa limitar o campo de visão do outro e nem as suas possibilidades de crescimento. Não temos esse direito! Significa sim abrir as portas para que esse outro perceba-se enquanto ser histórico com participação efetiva no dia a dia dessa história. Até mesmo porque a forma como o texto (entenda-se por texto toda a mensagem transmitida independente de seu portador), chega ao leitor vai depender em muito de sua interpretação que tal qual sua definição está subjugado ao que este viveu,viu,sentiu e se emocionou. Ou seja, é pessoal e tem um tempo de absorção que é interno e íntimo.
A educação tem que propor uma reflexão crítica sobre uma realidade concreta contendo como parte desse movimento a apresentação concomitante da leitura e da escrita independente do nível de conhecimento da língua que possuam os sujeitos envolvidos, propondo a reescrita de maneira crítica e a partir do desejo consciente da importância desse ato.
Tanto o educador quanto o educando, personagens envolvidos na ação da aprendizagem, devem fazê-lo conscientes de que ora um, ora outro estará a frente desse processo. Assim poderá se acrescentar/ alterar efetivamente o modo de pensar levando à mudança de postura de ambos. Ou seja, do caos a ordem e novamente ao caos. Como diz Paulo Freire, a leitura do mundo precederá a leitura da palavra e desta implica a continuidade da leitura daquele. Ou seja, um NÃO a cultura do silêncio onde são considerados ignorantes homens e mulheres aos quais foi negado o direito de se expressar e cujo conhecimento de sua existência deve viabilizar sua transformação.

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