terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Avaliação pessoal...






... da Avaliação Final!


O período de avaliação final ainda é um período de pressão para os professores. Amém que para os alunos já não haja esse tormento.
Temos que avaliar a competência de uma pessoa com a qual convivemos durante um período de nossas vidas. P E R Í O D O ! E o que nos cabe fazer é nos valer de outros momentos de nossas vidas para não deixar de dar uma oportunidade ao outro.
A partir do momento que vejo o meu aluno como mais um ser HUMANO que está em minha vida para trocarmos experiência e aprendermos consigo alterar a trajetória daquela relação e fazer a diferença.
O que vejo não pertence mais ao outro. O que vejo pertence a mim porque fui eu que o vivi e é a partir de minha interpretação que a pessoa que vai ler os relatórios saberá quem é o aluno. E quando ler estará passando aquelas informações por seu próprio filtro.

O que fazer com determinados momentos da sala de aula para que não fiquem fora desse momento tão importante? Ou , o que será que aprendeu quem ensinou?

Durante a avaliação de meus alunos tive ressaltadas em mim algumas questões como:


  • Que superações foram necessárias para chegar a escola?

  • Quantas afrontas aos desejos foram feitas?

  • Quantas coisas teve que aprender?

  • O quanto custou descobrir que não sabia nada?

  • Quanto custou não ser mais o queridinho de todo o mundo?

  • Por que será que as ofensas não aconteciam fora da sala de aula?

  • Que monstro será esse chamado “SALA DE AULA”?

  • Que absurdo será esse chamado PROFESSOR?

  • Será que o texto por mim escrito terá a mesma ressonância na pessoa que estiver lendo?

  • Será que o disse com clareza?

  • Como é ser recebido por um espaço tão grande sem saber como vai ser recebido?

  • Como fazer o que eu quero sem alguém vir reclamar comigo?

Os colegas de trabalho que leram os relátórios aprovaram o formato e a clareza. E os erros se fizeram presentes e apressadamente corrigidos.

O receio de ter terminado perturbando e fazendo lembrar de mais alguma coisa para escrever, esclarecer, oferecer... Será que acertei? Tenho certeza de que não terminei!



sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Cidade Educadora

http://www.paulofreire.org/Moacir_Gadotti/Artigos/Portugues/FME_e_FSM/FME_Ed_Cid_p_Cid_Educadora_2004.pdf

Essa é uma boa oportunidade de pensar o trabalho cotidiano de nossa escola. Nesse artigo Moacir Gadotti fala sobre a importância de observar alguns critérios e compromissos necessários para a mudança dos paradígmas que até então dirigiam as ações da sala de aula. Os compromissos e comportamentos de uma Cidade Educadora.

O que é Avaliação Dialógica?


Foto tirada durante passeio com os alunos pela orla de Niterói. Pescadores retirando a rede do barco. Movimento coletivo em prol de todos ou Colaboração!

O que é Avaliação Dialógica?

Comprei o Livro das Virtudes ontem antes do sarau e empolgada com a aquisição levei-o para a escola. Não podia deixar de ler um pouco durante a viagem do ônibus.
Ao chegar na sala fui atropelada por um excesso de informações. Filme de ontem, filme de hoje, comentário do filme, problemas da sala de aula, reclamação da mãe, o jogo, a inscrição, os relatórios ... que beleza!!!! Muito bom foi o pedido para passar toda a tarde de hoje vendo filme ou eu lendo histórias para eles. Como me convencer? Chantagem lógico. Carinhas, biquinhos e a fala:
- Ah! Dá uma chance pra gente hoje!!!
- Difícil resistir certo?
Num instante eu estava apresentando o meu livro para eles. Contando o que havia ali dentro e como eu estava ansiosa com tudo aquilo.
Diante dos últimos acontecimentos ocorridos coloquei no quadro a lista de títulos dos contos relativos ao tema: Responsabilidade. Naquele momento eles deveriam fazer a leitura dos mesmos, escolher o que mais interessasse e aguardar o momento de votar.
- Lembrando que a proposta de escolher por votação foi deles.
Iniciada a leitura foi encantador ver naqueles rostinhos a expectativa de cada lance do texto que a maioria escolheu. Mesmo tendo discutido afim de que mais dois textos fossem lidos ( no caso o segundo e o terceiro colocado). Continuaram a discutir mesmo depois de decidido que os mesmos seriam lidos nem que fosse em outra aula.
Parti para a leitura do texto munida de todo o tipo de competência interpretativa que eu tinha até aquele momento, digo até aquele momento porque com certeza mudei a partir daquele encontro. Olhares espichados e eu encantada com o que estava acontecendo. Professora espichada com o que estava acontecendo e eu boba com o interesse deles para o texto.

    - Essa é uma boa proposta de trabalho para o próximo ano!

Após a leitura continuei a fazer a organização das coisas que estavam em cima da mesa e ao terminar eles deveriam ir até a mesa com o desenho de uma das passagens da história para a leitura e reflexão em cima do mesmo além de lápis na mão. Mais rápido do que poderia imaginar O aluno “x” me apresentou o trabalho dele feito. Ou melhor, muito bem feito. Pela primeira vez não teve medo de arriscar-se e resolveu mostrar o que ele sabe em forma de texto. Da mesma forma como ele concebeu a aceitação da necessidade de exposição, concebeu também a possibilidade de ele acertar. Importante para acelerar o processo de intimidade com as palavras e com as outras pessoas aquele momento foi por nós dois comentado com uma aceitação e sinceridade impressionante!
O menino assustado resolveu por as manguinhas do lado de fora!!! Resolveu arriscar-se a escrever, “botar a cara” e responder. Ele estava naquela situação que observou durante todo o ano acontecendo com os seus colegas. O que esteve durante todo o ano inacessível agora estava se apresentando e mandando entrar. A oportunidade de ler e escrever.

- Precisava eu brigar com você daquele jeito para você perder o medo de escrever? Você não sabia que não escrevia porque tinha medo de errar?

O aceno com a cabeça acompanhado de um sorriso satisfeito me deixou muito feliz por tê-lo pressionado há 3 dias atrás. Estava claro que ele estava assumindo sua disponibilidade de tentar fazer. Agora não tem volta!! Conhecimento adquirido! A resposta positiva assumindo seu posicionamento me deu a certeza de ter agido corretamente. A pressão foi suportável.
Comemoramos aquele momento com um abraço forte e sorridente o vencedor voltou para a mesa pois hoje foi o primeiro dia que fez toda a atividade e teve o prazer de ser um dos primeiros a terminar.
E o processo avaliativo não terminava por aí. Ao final da aula duas mães me “rodiavam” para trocarmos fofocas e segredos sobre os meninos. A mãe “dela” queria ir embora mas ela não perdeu a chance de pedir:
- Posso levar o teu livro?
- Simone você fica inventando moda! Comentou a mãe.
- Pede para o pai ler para ela.
- Pode ter a certeza que se depender dele ele vai ler esse livro aqui todinho para ela!
- Que ótimo viu, você nem precisa se preocupar.
- Tenha cuidado com o livro viu menina! Comprei ontem e você vai ler ele antes de mim.
- Pode deixar tia!
E por falar nisso penso que a resposta para título é: AVALIAÇÃO DIALÓGICA! Esse momento de final de ano, mesmo quando não se tem que dar notas aos alunos pois na verdade o que conta é o relatório, a cabeça do professor se consome de análises e pensamentos. Momento de ebulição de conceitos muito profundos sobre a opinião que você tem do outro e de si mesmo. A responsabilidade de ser coerente e justo, de ter que saber de cada por menor de cada uma daquelas pessoas. De não perder o momento de mudança na Zona de Desenvolvimento Proximal Relacional de cada um daqueles cidadãos.
Como eu poderia saber, digo, Ter o registro do processo de escrita do meu aluno se eu não fizesse com que ele compreendesse o quanto nossos erros são presente? Se ele não tivesse passado o ano inteiro ouvindo eu dizer para os seus colegas que não tinha problema errar? Se eu não tivesse me sentido tão ofendida quando ele me disse que não fazia nunca o dever porque tinha medo de eu brigar se ele errasse e imediatamente eu parei a aula e perguntei para os alunos:
- Eu brigo quando alguém erra?
- Não!!!
- Quando eu brigo então?
- Quando não faz o dever!!! Respondeu a turma em alto e bom som.
E quando lhe fiz as mesmas perguntas que fiz para turma a resposta não foi diferente. Mesmo chorando foi preciso aceitar que não tinha como enganar. Já era hora de se preparar para ter outros medos e dividir novos conhecimentos.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Avaliação


Deslizamentos do dizer

Já não consigo me ver encontrando.
Há sempre um jeito diferente de ver e de sentir.
Sentir-se então já não leva a sensações,
nos leva então para uma imersão imediata!

E fundo em si já não se reconhece
e com isso fenece!

Digo o que suponho pois o meu dizer
abre as portas para as dúvidas.
Abraçado a isso pergunto-me.
E me perguntando, suponho e
como mar revolto
Me exponho.

Suponho e compondo-me,
cresço no contato com o outro.

Revejo,
receio,
anseio.

Rasgo-me e devoro-ti palavras,
cheiro e azedume!
Qual palavras rasgadas
jogadas
ao vento.

Intento e avarento o mundo cobra a sua parte.
Louco e pestilento me embreago com o vento,
me embebedo com a vida,
me reinvento!

domingo, 2 de dezembro de 2007

O cotidiano da sala de aula sob o formato do Hipertexto


"A interação das palavras constrói redes de significação
transitórias na mente de um ouvinte."

Esse texto visa explicitar a similaridade do trabalho realizado na sala de aula ao formato utilizado pelos usuários da INTERNET. Sendo que hoje a base do trabalho realizado na sala de aula é a confecção de um mural que busca ressaltar a importância e facilidade proporcionados pela aprendizagem e uso conscientes da leitura e da escrita.
A turma que está passando por este processo é uma turma de primeiro ano do primeiro ciclo da Escola Municipal Professor Marcos Waldemar de Freitas Reis situada no Bairro Itaipu, Niterói/RJ.
A turma hoje está passando pela confecção de um mural e juntamente com este trabalho venho fazendo a leitura do livro Tecnologias da Inteligência de Pierre Lévy. Esse trabalho favorece a busca no discurso, na letra, na sílaba, na palavra sempre constituindo um texto sob o formato do Hipertexto atuando na ZDP e favorecendo assim outras construções.
Levando-se em consideração o texto em questão, reforçado pela montagem gradativa do mural e a leitura concomitante deste livro, emergem do cotidiano da sala de aula "n" questões que novamente confirmam Pierre Lévy quando diz que "apenas os nós selecionados pelo contexto serão ativados com força o bastante para emergir em nossa consciência". Para exemplificar vou contar a história da aluna X com limitações motoras em seus membros inferiores e dificuldade de relacionamento com o grupo.
Durante uma atividade de escrita por extenso de alguns números a aluna surpreendeu usando estratégias Metalingüísticas de Pensamento seguindo sem preocupação ou medos caminhos por ela mesmo escolhidos e anteriormente indicados em várias situações de sala de aula, demonstrando assim entrosamento com os movimentos de conteúdo e formato hipertextual das aulas. Logo, o cultivo de uma relação cotidiana e reflexiva minuto a minutomostra e demonstra a importância de de uma relação dialética paraoc crescimento integral dos indivíduos envolvidos.
Para perceber e proceder buscando informações desse nível , facilitando o processo avaliado, logo o caminho percorrido, é necessário que o indivíduo no caso o professor, que coordena esses movimentos, dispa-se do poder que coordenou sua visa , que aprendeu na escola, que presenciou enquanto cidadão costurando os movimentos sociais históricos de formação das cidades e sociedades. É preciso conscientizar-se que esse poder precisa "ser o efeito de conjunto de suas posições estratégicas" (Foucalt-Vigiar e Punir). Visto que essa relação "é o conjunto de relação de forças que passa tanto pelas forças dominadas quanto pelas dominantes.(Deleuze-Foucalt).
O processo utilizado por "n", pessoal, intransferível mas possível de análise, identificação e transformação, mostra a grande rede acionada por ela para encontrar na listagem a palavra desejada.
Passos seguidos pela aluna :
Observação.
Indagação.
-Onde está escrito sete ?

Observação da professora:
-Na lista procura !

A face da aluna apresenta traços de inquietação e busca.
-Começa com S e termina com E ?
-Sim !

Nova busca no mural:
É S – E – T - E ?

A professora novamente responde:
Sim!

Intrigada com tantos conhecimentos até então não apresentados em nenhuma outra atividade em sala de aula perguntei :
Você já conhece todas as letras do alfabeto ?
-Não. Só algumas.

Durante esse momento é possível encontrar todos os 6 princípios abstratos do Hipertexto.
1 - Princípio da metamorfose - constante construção e negação.
2 – Princípio da heterogeneidade - nós e conexões heterogêneas.
3 - Princípio da multiplicidade e de encaixe das escalas - qualquer nó ou conexão pode revelar-se como composto por uma rede.
4 – Princípio da exterioridade – depende de um exterior indeterminado.
5 – Princípio da topologia – a rede é o espaço . Seja ele percorrido, percorrendo ou a percorrer.
6 - Princípio da mobilidade dos centros – variação do foco de atenção

Em suma e usando um termo de PL toda aula traz em si o poder de um "texto caleidoscópio" formando uma imagem diferente dependendo de quem olha e das experiências que trazem consigo.
Essa estrutura de hipertexto é a mesma estrutura apresentada pela estrutura do computador e foi exatamente a partir da estrutura de apresentação do conhecimento que se organizou as interfaces que hoje encontramos nos computadores.
O hipertexto, cotidiano ou ampliado pela máquina, abre espaço para o cultivo de mais uma característica no ser humano , a auto-formação independente do campo e relativizando as inúmeras possibilidades e informações conseguidas 0o melhor dessa questão é a própria constituição, seja ela o conhecimento humano ou a interface utilizada já que um meio possui sempre um fim transitório.
Toda criação equivale a utilizar de maneira original elementos preexistentes. Todo uso criativo , ao descobrir novas possibilidades, atinge o plano de criação. Esta dupla face da operação técnica pode ser encontrada em todos os elos da cadeia informática , desde a construção de circuitos impressos até o manejo de um simples processador de textos. Criação e uso são na verdade dimensões complementares de uma mesma operação elementar de conexão, com seus efeitos de interpretação e construção de novos significados. Ao se prolongarem reciprocamente , criação e uso contribuem alternadamente para fazer ramificar o hipertexto sócio-técnico.(PL As tecnologias da inteligência)
A fala de Pierre Levi descreve o processo sobre a técnica enquanto hipertexto, bem como a relação professor/aluno, dentro de uma sala de aula quando o professor reaproveita as informações , interesses e necessidades de informação outras redes levando ordem ao caos e novamente a ordem percebendo a fluência e necessidade de ação reflexão ação. Esses processos de dimensões complementares traçam o caminho percorrido pelo aprendiz e pelos seus companheiros nessa aventura do conhecimento, a todos conexão a novas informações e segurança nas "velhas" para atingir o próximo passo dotado do mesmo intúito: A pesquisa, logo, a ousadia da busca.Silvio Gallo diria que tal procedimento equivale ao papel do filósofo na educação já que assim o fosse perderia a infinitude do caos no qual mergulha e que permite também a criatividade e a ela elaboração de novos conceitos e opiniões de outros, levando a formação de conceitos sob o conceito de "catalizador, que faz multiplicar e crescer as possibildades do pensamento.Quanto a criação e uso "dimensões complementares.
Deleuze e Guattarri o fariam afirmando que vivemos sob o império da opinião e os TI são nesse império a porta dessas opiniões já que abre oportunidades de ver, ler e ouvir outros pontos de vistas a partir da forma hipertexto. Pontos de vistas oriundos do mundo informacional, disponibilizado pela máquina,além dos contados cotidianos nos colocando numa "arena de opiniões"(Gallo) que deveriam invariavelmente nos levar a repensar nossas próprias opniões,sob e sobre essas opiniões devido a origem sócio Histórico dessa multiplicidade.
Disponibilizando-nos um acontecimento a cada desdobramento, opnião, criação, conceito, texto, contato, hipertexto, interface e literatura maior (Gallo). As relações travadas e possibilitadas por essa estruturas favorecem a ampliação da visão do topo – Cosmovisão – acionando a responsabilidade individual nas relações cotidianas com o social cosmopolita. "Eis porque a atividade técnica é política ou Cosmopolítica" ( Pierre Lévy) e a sala de aula não foge a essa estrutura já que o papel do professor dentro dessa nova proposta de sociedade incluída tem que ser mais que sempre um mediador capaz de promover um "currículo com competência para romper com a educação bancária, promovendo assim um diálogo que busque o pensar autêntico sobre uma realidade crítica capaz de anunciar o inédito viável como foi dito por Paulo Freire.

Groupware/ Grupos de trabalho - Inteligência Coletiva


Esse movimento Cosmoético favorece a Inteligência Coletiva (Pierre Lévy), e definido pelo mesmo como potência de auto-criação. Ou seja, embora sempre coletiva , pode emergir de processos de interação circular e de auto-produção próprios do coletivos humanos dependendo fundamentalmente da capacidade dos indivíduos e dos grupos humanos de porem em relação, suas capacidades de interação, e, desta forma, de intensificar a troca, a produção e a utilização de conhecimentos.
O mural que está sendo construído por esse grupo tem como características as mesmas encontradas no livro para o hipertexto:
auxílio a concepção;
auxílio a discussão coletiva;

localização dentro da estrutura lógica em discussão;
ligação ao contexto da discussão;

auxílio a inteligência cooperativa;

desdobramentos da rede de questões, posições e argumentos;

faz romper a estrutura "agonística" dos monólogos dos professores;

construção progressiva;

acessível;

escrita coletiva, dessincronizada, desdramatizada e expandida;

" Um iniciante em uma disciplina científica ou em uma esfera de conhecimento práticodeverá ser capaz de adiquirir um bom número de informações apenas através da manipulação dos ideogramas que representam os principais objetos de um determinado domínio, e através da observação de suas interações." ( P.L.)